A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) formou maioria nesta quarta-feira, 13, para liberar a aplicação da vacina Coronavac, contra a covid-19, em crianças de 3 a 5 anos de idade que não sejam imunocomprometidas. Até as 18h38, quatro votos já haviam sido proferidos: das diretoras Meiruze Freitas e Cristiane Jourdan e dos diretores Rômison Mota e Alex Machado Campos, favoráveis à liberação da vacina para a faixa etária de 3 a 5 anos.
Outros dois diretores ainda devem se manifestar. A Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, já está aprovada para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos no Brasil. A reunião com a diretoria da Anvisa está sendo realizada desde as 14h30 e transmitida no canal da agência no YouTube.
Quando o uso da Coronavac foi autorizado para crianças acima de 6 anos, em janeiro, o Butantan pleiteava a liberação a partir dos 3 anos de idade. A Anvisa, no entanto, avaliou naquela época que os dados apresentados pelo Butantan ainda eram insuficientes para liberar o uso em crianças mais novas. Agora, segundo o gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, dados mais atualizados foram apresentados.
A avaliação técnica levou em consideração uma série de estudos e pareceres. Entre eles, um estudo de efetividade realizado no Chile que mostrou 55,06% de efetividade da Coronavac na prevenção de hospitalização de crianças de 3 a 5 anos. Outra pesquisa multicêntrica, realizada no Chile, Malásia, Filipinas, Turquia e África do Sul, também foi apresentada por Mendes.
O estudo tem resultados preliminares ainda, mas indicam eficácia da Coronavac para crianças. Além disso, a vacina também apresenta baixo volume de reações adversas para a faixa etária pediátrica. A sugestão da área técnica é para que a aplicação da Coronavac ocorra em crianças de 3 a 5 anos que não sejam imunocomprometidas (como crianças em tratamento para câncer ou transplantadas). A dosagem para essa faixa etária deve ser a mesma da de adultos e o intervalo entre as doses, de 28 dias.
Para a elaboração do parecer técnico, foram consultadas sociedades médicas e pesquisadores ligados ao projeto de pesquisa Curumim, que testa a eficácia da Coronavac em crianças e adolescentes.
A pesquisa é realizada pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo, com apoio da Fiocruz, do Instituto Butantan e da Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo. A vacinação de crianças é vista por sociedades médicas como uma estratégia importante para evitar quadros graves de covid-19 nesta faixa etária.
Levantamento realizado pelo Observatório da Primeira Infância, da Fiocruz, identificou a morte de duas crianças menores de cinco anos pela covid-19 por dia no Brasil, desde o início da pandemia.
Nos últimos meses, grupos de pais organizados nas redes sociais vêm cobrando celeridade para a aprovação da vacina. A vacinação de crianças menores de 5 anos já ocorre em outros países, como os Estados Unidos, que liberaram o uso emergencial das vacinas da Moderna e da Pfizer em bebês a partir de 6 meses de idade. No Chile, a Coronavac é aplicada desde dezembro do ano passado em crianças a partir de 3 anos. China e Hong Kong também aplicam a Coronavac em crianças menores de cinco anos.
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